domingo, 28 de março de 2010

A CHEGADA DO REI

Publicado no boletim nº2492 de 28 de março de 2010.



Festa na cidade. Gente de todos os lugares, vindas para celebrar. Cheiros, gostos, barulho. Crianças que se soltam de suas mães, e correm como que a respirar as novidades. Mães que correm atrás de seus filhos, ralhando e soltando um riso nervoso. Encontros e reencontros. Comerciantes vendendo como nunca, tecido em miríade de cores, perfumes de essência importada, toda sorte de animais para o sacrifício. Há multidão em Jerusalém, chegada para a Páscoa.
De repente, um burburinho se faz ouvir. Alguma coisa acontece perto da descida do monte das Oliveiras. Um homem, marcado por sua missão, numa estranha beleza nascida da paz. Um homem montado num jumentinho. Uma cena mais do que comum, repetida à exaustão naqueles dias em que tantos se achegavam para a festa montados da mesma maneira. No entanto, aquela cena rotineira carrega o incomum na figura de seu viajante. Aquele não é um homem qualquer. Ele é Jesus.
Alguém lança um manto ao chão. Outros seguem o exemplo, tecendo o caminho de todos os matizes que o têxtil é capaz de ostentar. Um outro alguém decide que a natureza também precisa saudar o recém-chegado, e lança ramos de palmeiras por sobre os mantos. De repente, o mais importante não é a cidade, o templo, ou a festa. Naquele momento, o mais importante é o homem, montado num jumentinho. Trapos rotos de mendigo, porte altivo de soberano. “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor e que é Rei de Israel!”
Mantos, ramos, brados. Um rei, montado num jumentinho. Quem poderia imaginar que este homem caminha para sua morte? Ele, ele pode. E quem poderia imaginar que sua morte seria apenas o prenúncio para a vitória da ressurreição? Ele, ele sabe. Aquele não é um homem qualquer. Ele é Jesus. Uma boa história é assim. É relembrada quando se conta, e é revivida quando se escuta. Por isso, hoje, agora mesmo, há festa de novo na cidade dos nossos corações. E o rei, humilde, cavalga lentamente enquanto nos espera. Viraremos as costas? Olharemos para o templo? Distrairemo-nos com a cidade? Ou lançaremos mantos e ramos ao seu caminho, bradando aos quatro ventos que ele é bendito? Hoje é tempo de festa e decisão. Porque, decididamente, aquele não é um homem qualquer.


Rev. Christian Bitencourt

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