domingo, 21 de março de 2010

REFLEXÕES SOBRE A PÁSCOA: ENCARNAÇÃO e RESSURREIÇÃO ( continuação)

Publicado no boletim nº2491 de 21 de março de 2010.
Cremos na ressurreição em referência ao Credo Apostólico. Embora cantemos com muito vigor “Da linda pátria estou bem longe”, fazemos um grande esforço para protelar a nossa ida à pátria celestial. Isso acontece porque fomos criados para a vida e não para a morte. Razão porque cuidamos da saúde e, ainda que desejemos estar com Deus, sejamos sinceros: queremos viver intensamente a vida. Em outras palavras, queremos continuar sendo corpo.
A páscoa cristã é, sem dúvida, um dos momentos mais importantes do cristianismo pois em seu significado encontramos a maior razão da nossa fé. Cristo não está morto, mas vivo e, compartilha conosco, na era do Espírito, a esperança guardada em todos os cristãos da concretização efetiva de novos céus e nova terra, e então...”Se abrirão os olhos dos cegos, e os ouvidos dos surdos ouvirão, os aleijados saltarão como cabritos, a língua dos mudos gritará. E nos desertos explodirão fontes de águas, e torrentes cortarão as terras secas. As miragens virarão lagoas, e na terra seca surgirão fontes borbulhantes. E eles transformarão suas espadas em arados e suas lanças em podadeiras. E as botas dos que pelejam com ruído e as fardas tintas de sangue serão queimadas ao fogo” (Isaías 35:5-7; 2:4; 9:5-6).
Cremos na ressurreição do corpo. Mais do que o habitat da existência humana, o corpo possui endereço certo e nos situa no espaço da vida, identificando cada ser humano como pessoa criada à imagem e semelhança de Deus e templo do Espírito Santo.
Percebe-se que o próprio Deus opta por deixar as palavras e se fazer carne...Palavra se fez carne e habitou entre nós”. Ele ganha visibilidade em Jesus, aquele que se mistura com a gente, fazendo-se gente como qualquer um de nós. Nasce do ventre de uma mulher, como ser humano normal, saudável, uma criança simples e feliz. Algumas vezes, Ele se parece com o pai que sai ao encontro do filho perdido. Em outras, assemelha-se ao amante que possui uma amada ele é o noivo que vem buscar a igreja, noiva mas, não há como evitar o seu desejo de experimentar o contato próximo e físico com a humanidade.
Cremos na ressurreição do corpo de Cristo e por isso O confessamos em palavras. Palavras para serem comidas pelo corpo e que nascem, sobretudo do vazio, não tanto do passado, mas do presente onde o mundo, o corpo e o Espírito aguardam, numa enorme sinfonia, uma nova criação.

Rev. Saulo Marcos de Almeida

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