segunda-feira, 11 de maio de 2009

Coisas novas e coisas velhas

Publicado no boletim nº 2446 - 10 de maio de 2009

Jesus Cristo era mestre em contar histórias. Falando a linguagem do povo, usando comparações que todos entendiam, não havia nada como as metáforas de Jesus. Para falar do Reino de Deus, por exemplo, ele usava várias figuras. Uma das mais belas, na minha opinião, é a de Mateus 13.52: “Todo escriba versado no reino dos céus é semelhante a um pai de família que tira do seu depósito coisas novas e coisas velhas”.

O novo e o velho não são inimigos no Reino de Deus. Ao contrário, eles são cúmplices. É essa mistura de tradição e futuro que faz com que a Igreja seja uma fonte constante de descoberta e criação. Quem se torna parte da Igreja de Cristo torna-se, também, portador de memórias de mais de dois milênios. Este rico passado, no entanto, é o porto de onde se zarpa para o grandioso futuro.

Isto me faz pensar a respeito do culto. Este, que deveria ser um momento de unidade e congraçamento de todos os cristãos, tem sido, em muitos lugares, motivo de separação e discórdia. Com rapidez, as tribos são formadas: “tradicionais” e “avivados”, “frios” e “quentes”. E, assim, divisões por pequenos motivos tornam-se fendas profundas que impedem os filhos de Deus de caminharem juntos.

Não existe verdadeira adoração sem o antigo. O passado é o que nos faz ser o que somos no presente. Um culto sem tradição é um culto sem identidade. Se ignorarmos os elementos formadores desta nossa tradição (e os homens e mulheres que – literalmente – entregaram suas vidas por ela), então quem seremos nós? Cores litúrgicas, togas pretas, leituras recitadas não são peças de museu incompreensíveis: são sinais do antigo.

Também não existe verdadeira adoração sem o novo. Somos chamados por Jesus Cristo a fazer diferença neste mundo em que vivemos e, para isso, precisamos falar a língua deste mundo. O direito de se criar o novo – sem perder de vista o antigo – também foi algo pelo que lutaram nossos pais espirituais. Expressões corporais, novas canções, ritmos e melodias não são invencionices desmedidas: são sinais do novo.

Imagine poder cultuar a Deus com a tradição e com a novidade. Imagine estar unido na celebração a Deus com aqueles que vieram antes de nós e, ao mesmo tempo, falar a linguagem e expressar a cultura de nosso tempo atual. Você e eu podemos fazer isso, pois nós somos os portadores dos sinais do antigo e do novo.

Que Deus nos abençoe e faça de nossa adoração este imenso baú, de onde se tiram coisas novas e coisas velhas, para a glória de nosso Pai!

Rev. Christian Bitencourt

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