sexta-feira, 26 de setembro de 2008

AMIGO


Publicado no Boletim nº 2414 do dia 28 de Setembro de 2008.




"Amigo é aquele em cuja presença pode-se ficar em silêncio, basta a alegria de estarem juntos”. Lembro de uma história oriental de uma árvore, no alto da montanha, que não serviu para os lenhadores por ser torta e inútil. Pois bem, naquela montanha, que antes se cobria de muitas outras árvores agora só estava aquela árvore, sozinha e solitária. Por lá ela permaneceu por longos anos e os viajantes, cansados, assentavam-se sobre a sua sombra e lá se sentiam bem.


Assim é uma amizade verdadeira. Um serve de abrigo ou sombra para o outro, mesmo que este outro não seja perfeito, digo, ainda que ele tenha dúvidas, conflitos, seja magro ou gordo, alto ou baixo. Não importa. Se é amigo, é este que estará sempre pronto, como aquela árvore, para abrigar a um amigo.


Uma pesquisa recente diz que mais de oitenta por cento dos adolescentes procuram um de seus amigos adolescentes para desabafar quando tem um problema ou precisam de ajuda. Interessante: Nós, os adultos é que nos achamos as pessoas mais “preparadas” ou “experientes” para ouvir nossos jovens. Devemos lembrar que não são pessoas preparadas ou experientes que os adolescentes procuram, eles procuram os amigos.


O que será que nós, pais, pastores, conselheiros, professores poderíamos como oferecer como aos nossos adolescentes? Sejamos verdadeiros amigos. Digo amigo e não pai-amigo ou mãe-amiga, professor-amigo ou pastor-amigo, mas simplesmente amigo. E como posso ser amigo de um adolescente? Sugiro algumas implicações:


1. Esteja disposto a abrir mão do seu outro título (pai, professor, etc.) para que ele te veja como amigo simplesmente – é claro que há tempo pra tudo;
2. Não tente forçar uma amizade se ela ainda não aconteceu de fato – adolescente não gosta de hipocrisia.
3. Esteja disposto a ser exemplo do que você ensina para eles.
4. Demonstre aceitação e paciência com ele, apesar de seus defeitos. Evite comparações com outros, considere-o como ele é e não somente como você gostaria que ele fosse.
5. Seja você mesmo, demostre segurança em seu valores e limites. Na hora certa ele virá abrigar-se em sua sombra. Ele precisará dela.
6. Ofereça a ele a possibilidade de mudança e de superação dos conflitos e crises adolescentes, lembrando que a paciência é fruto do Espírito
7. Esteja disposto a pagar o preço do amor, da coragem, da criatividade e da superação para colocá-lo diante de Cristo para que Ele cuide de cada uma de suas dificuldades e lhe dê um novo sentido de vida. – Veja o exemplo de uma amizade assim nos evangelhos (Mc 2.1-12).

Meu sobrinho de 4 anos disse certa vez meio sonhando e meio acordado: “Joãozinho, Joãozinho diz que é meu amigo. Amigo... amigo... mas ele jogou areia na minha tinta”. Daí nós criamos uma máxima lá em casa: Amigo que é amigo não joga areia na tinta do outro.


Rev. Marcelo Coelho Almeida

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