sexta-feira, 3 de outubro de 2008

DIAS DIFÍCEIS


Publicado no Boletim nº 2415 do dia 05 de Outubro de 2008



Alguns dias parecem que não acabam. A sensação é a de que todas as forças se foram e mais nada poderia acontecer. E aí acontece ainda algo pior. Em dias como estes viver é apenas o mesmo que respirar e a única garantia que se tem de estar vivo é que de alguma forma se vê o corpo em pé, com movimentos e percebe-se que os olhos, por vezes, estão abertos.

Não é à toa que em momentos assim se prefere morrer a viver. Personagens que conhecemos na Bíblia, servos de Deus fiéis e usados por Deus com triunfos memoráveis passaram por isto. Elias pediu pra si a morte, Jeremias amaldiçoou o dia de seu nascimento Davi se viu como uma espécie de morto-vivo quando diz: “laços de morte me cercaram...”

Dias difíceis são aqueles em que a dor se alonga e se perpetua. Corpo que dói não lembra de quando era são. Não dá pra um dente que não dói servir de exemplo ou de consolo para o que está doendo. É o contrário o que acontece. A cabeça inteira dói. O corpo adoece por inteiro e sempre em uma espécie de progressão do mal. De novo os salmos: “um abismo chama outro abismo” “estou cansado de tanto gemer” “meus ossos doem”.

Dias difíceis ocorre a todo ser humano. Inclusive aos que têm um relacionamento de fidelidade ao Senhor. Eles são a mostra do que a Bíblia chama de período de tribulação. Por tribulação podem-se entender diversos significados. Sofrimentos, angústias ou decepções internas; Atrocidades, injustiças ou mazelas externas que nos atingem; condenação ou punição por um ato de injustiça cometido; ou ainda algo que aconteça sem nenhum propósito aparente ou revelado.

Encontramos do Gênesis ao Apocalipse expressão que denotam estes períodos de dias difíceis: “Quarenta dias e quarenta noites” na Arca de Noé, e a expressão “tribulação de dez dias”, no Apocalipse. Tudo isso passando por 400 anos no deserto, 70 anos no exílio, 3 dias vividos no ventre do peixe, ou na sepultura, 12, 18 ou 38 anos de sofrimento de pessoas que encontraram a Jesus, nos evangelhos, ou ainda expressões sem o período de tempo definido tais quais encontramos no profeta Jeremias “por um breve período de tempo”, “por certo tempo”, ou no Apóstolo Pedro “por breve tempo, se necessário”.

Dias difíceis passam e dias melhores vêm. Isto é o que acontece sempre. Mesmo que o corpo tenha se esquecido do que é não sentir dor, chega o memento em que ela passa. Toda dor tem um propósito. E ela não passa até que cumpra o seu telos. Em cada uma das ocasiões citadas houve um final. Final da dor. A grande diferença de todos aqueles casos e a nossa história é que nós ainda não chegamos no final. Os dias difíceis ainda estão aí. Aqueles casos se traduziram em Revelação de Deus a nós: de um Deus que não nos omite dias difíceis; de um Deus que está conosco enquanto passamos por eles; de um Deus que nos faz ter esperança de que dias melhores virão.

“Em minha tribulação invoquei o Senhor. E o Senhor me ouviu e me deu folga” Sl 118.5

Com carinho,


Pr. Marcelo, em 30/09/2008

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