sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

NÃO QUERO, SENHOR.



Lembrei-me de um pássaro mito comum lá pelas bandas do sul do Espírito Santo, terrinha do meu coração. Ele chama-se Quero-Quero. A ave é assim chamada devido ao seu canto que soa como gritos agudos e repetitivos que lembram alguém que fica pedindo, pedindo, insistentemente. Quero, quero, quero...

Eu estava ouvindo um CD de um desses ministérios famosos, que inclusive fora comprado por minha esposa em uma grande loja de departamentos. À certa altura, me cansei de ouvir tantas reivindicações que os cantores faziam pra Deus. Quero te ver, quero te conhecer, quero te ter, quero te servir, e outros queros. Sendo que cada um desses pedidos eram feitos nas canções ao melhor estilo do pássaro quero-quero. Como já disse, eu, que não tinha nada haver com isso, me cansei.

Tenho um pouco de problema com os exageros. Até mesmo os medicamentos, que foram feitos para a cura, se passam da medida, tornam-se em veneno. Beijo demais, vira melação, abraço demais faz de você uma pessoa grudenta, conselho demais vira chatice. E isso não anula a verdade de que beijos, abraços e conselhos sejam atitudes altamente louváveis e promotoras do bem humano. Mas a questão é o exagero.

No caso das canções o exagero, ou o sucesso geram um outro problema um pouco mais grave: a falta de reflexão sobre o que se canta. Primeiro quero dizer que cânticos não são para serem refletidos como peças teológicas ou acadêmicas Eles existem para serem cantados e servirem de instrumento para a nossa adoração ao Senhor. Todavia os compositores e seus intérpretes devem usar do bom senso para selecionarem seus repertórios. Até porque quando levadas ao crivo da Palavra de Deus, muitas canções modernas ou famosas perdem totalmente o propósito da adoração comunitária.

Não quero, Senhor, dar nome aos bois, ou aos quero-queros de hoje em dia. Até porque não me sinto plenamente qualificado pra tecer críticas sérias e fundamentadas na Palavra, pois isso levaria tempo e estudo. Apenas gostaria de não ser mais um a simplesmente repetir muitas vezes uma mentira até que ela se torne verdade.

Com carinho, Pr. Marcelo
Artigo publicado como mensagem pastoral no boletim dominical de 10/-2/2008

Nenhum comentário: