sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

EDUCAÇÃO, TRABALHO E CRISE

Publicado no Boletim nº 2436 do dia 01 de Março de 2009.
Desde a década de 70, quando ainda era estudante do antigo colégio normal em Cuiabá, lembro-me de ouvir da parte dos políticos e mesmo educadores bem intencionados, que a única saída para melhorar a vida de milhares de brasileiros seria a educação para todos. “O povo no Brasil é pobre porque não estuda”: era constante esse discurso! A miséria aparecia como resultado de pouco tempo de estudo das famílias.
Nesta direção a educação tornou-se a mola propulsora da vida social. Sua função era promover uma transformação qualitativa na vida de todo o país garantindo, assim, melhores condições de vida a todos os cidadãos brasileiros. Para meu espanto, passados mais de 40 anos (estou ficando velho), constato estarrecido alguns dados que passo a detalhar com os irmãos e irmãs. Minha surpresa nasce da intercessão que faço destes números.
Primeiramente, apresento dois dados significativos da educação no Brasil: extraídos do IBGE e INEP (Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos) são otimistas e conquistados, principalmente, a partir de 1990. Vejam dois exemplos: a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais decresceu de 32,94% para 11,4% e o índice bruto de freqüência escolar entre criança de 7 a 14 anos (agora 6 a 14 anos) atingiu 97% - muito pouco para o que pode ser chamado de universalização do ensino fundamental. Para endossar meu argumento não preciso de estatística nenhuma para lembrar que, nunca em nossa história tupiniquim, formaram-se tantos estudantes no ensino superior de nosso país.
Baseando-me naquela antiga idéia de que a educação seria a mola propulsora social do país teria, para ser coerente, que ver a imediata entrada de um número enorme de brasileiros no mercado de trabalho assumindo as vagas de emprego que existem disponíveis em todo o Brasil. Contudo, o que vejo, atualmente, no chamado mercado de trabalho são dados quantitativos nem um pouco otimistas.
Extraí da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que nas regiões metropolitanas do Brasil as taxas de desemprego subiram de 5,5% no período de 1991-97 para 7% entre 1998 a 2000. Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) os índices de desemprego aumentaram em todos os setores de atividades no período entre 1994 e 2001 e o que é pior, atinge de forma mais significativa os jovens com idade entre 18 e 29 anos.
O que pretendo dizer com tudo isso? É simples. Esses dados são suficientes para revelar que a taxa de desocupação aumenta com a escolaridade. Hoje existe um enorme contingente de desempregados ou trabalhadores desocupados com maiores níveis de escolaridade. Em outras palavras, ainda: continuamos pobres e sem trabalho só que, escolarizados.
Agora...A crise! O que fazer? Trabalhar, trabalhar e trabalhar na certeza de que Deus está conosco suprindo todas as nossas necessidades. Orar, orar e orar pra que não nos falte o pão de cada dia e que tenhamos condições de terminar nossa faculdade, criar nossos filhos e dar continuidade à construção do Reino de Deus. É isso: crise também pode ser oportunidade, vamos em frente! Com Cristo no barco tudo vai muito bem! Mãos à obra!

Saulo Marcos de Almeida

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