sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

DIA DA ESPOSA DO PASTOR

Publicado no boletim nº 2425 do dia 14 de Dezembro de 2008.


Lembro-me dos risos e da confusão. Era uma tarde de junho, em 1999. O Supremo Concílio estava reunido e votava-se uma proposta interessante: a criação do dia da esposa do pastor presbiteriano. Alguns achavam aquilo uma piada, outros consideravam tal comportamento uma ofensa a tão valorosas mulheres, a maioria considerava ser aquela votação uma pura perda de tempo. No final das contas, a proposta foi aprovada e cá estamos nós, ao segundo domingo do mês, comemorando o dia da esposa do pastor.
Ao que me consta, não se comemora o dia da esposa do professor, ou o dia da esposa do médico (ou, vice-versa, o dia do esposo da médica). Não me recordo de semelhantes celebrações conjugais-profissionais. Tem-se o professor, e pronto. Ou o médico, e pronto. Ou o advogado, o pintor, o militar, o engenheiro, e todas as miríades de ofícios possíveis. Mas nenhuma data comemorativa para suas esposas. O que justifica algo diferente para a mulher do pastor?

Alguns pensam que é preciso ter vocação para ser esposa de pastor. Tenho lá minhas dúvidas. Há a vocação para ser esposa como há a vocação para ser marido: um chamado especial para o casamento. Mas daí a dizer que Deus chamou algumas mulheres para serem esposas de pastor... Deus chamou as mulheres para serem o que são: mulheres. Com seu viço, seu fogo, seu riso, seu choro. Não importa com quem se casarão, e se é que se casarão. Não há uma vocação conjugada, uma sub-vocação. Deus chama as mulheres a cumprirem sua própria missão.

Antes de serem esposas de pastor, tais mulheres são pessoas. Elas se determinam por si próprias. Não têm uma identidade em anexo às de seus maridos. São o que são, com todas as suas características, boas ou ruins (mais qualidades boas, diga-se de passagem). Não precisam de seus esposos pastores para se reconhecerem como indivíduos. São, por si só, a imagem do nosso Deus.

Mais do que comemorar o dia da esposa do pastor, há que se comemorar a mulher que ela é. A riqueza de suas particularidades. A profundidade de suas diferenças. O alcance de sua visão de mundo particular. O apoio em seu olhar, a orientação em seu silêncio. O fato de expressarem a alma feminina de Deus. E isto, acreditem, não é exclusividade de nenhuma mulher específica.

Neste domingo, que Deus nos dê a graça de olharmos além do convencional, do tradicional. Que Ele nos faça redescobrir essas mulheres maravilhosas, sem as quais não se pode e nem se deve construir o Reino de Deus.
Em Cristo,
Rev. Christian

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