quinta-feira, 20 de março de 2008

Reflexão sobre a Páscoa ENCARNAÇÃO E RESSURREIÇÃO


Publicado no bolteim Nº 2387 de 23 de março de 2008.

A encarnação continua sendo o maior mistério divino. Linguagem e corpo são elos inseparáveis e é por isso que a “Palavra se fez carne”(João 1:14). Enquanto tantos querem se divinizar, “descorporificar”, buscar o céu e a eternidade, o Criador preferiu se fazer carne, assumindo forma humana e vivendo a realidade terrena junto dos seres criados à sua imagem e semelhança. Veio viver entre nós, conhecer pessoalmente a nossa vida e sofrer conosco as nossas dores. Diz o evangelho: “o seu nome será Emanuel que quer dizer Deus conosco”.

Deus se fez carne. O amor se fez corpo. No mistério da encarnação, Deus se entrega e confessa o seu desejo de comungar com a humanidade do mesmo pão e mesmo cálice do sofrimento. Ele se dá a ponto de morrer. Pão e vinho. Corpo e sangue. Eis o sinal visível da graça divina. Deus se encarna, mas se parte e se reparte!

Mas o corpo que nasce e morre, também ressuscita. A morte morreu! “Creio na ressurreição do corpo”, afirma o Credo Apostólico. Dessa confissão de fé renasce a esperança e surge uma nova vida. Os corpos velhos ou jovens, sadios ou doentes, renascem para o tempo do Espírito que novamente sopra a vida, oferecendo um novo jardim/paraíso para a humanidade. Então, desejo e esperança se instauram e se completam como sinais ou testemunhas da ausência.

A ressurreição do corpo é o cerne da teologia cristã: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé”(I Coríntios 15:14), diz o apóstolo Paulo. Cada corpo é extensão do mundo e tudo o que se conhece, reverbera o próprio corpo. Ressurreição é a plenificação do corpo, sem quaisquer opressões e repressões. O corpo deseja aquilo que a ressurreição oferece. A ressurreição, símbolo material, faz surgir a esperança de que a sociedade e a natureza sejam transformadas em Cristo.

Feliz Páscoa e que Cristo renasça sempre em nossos corações.


Rev. Saulo Marcos de Almeida


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